Concurso Público Nacional de Projeto de Arquitetura e Urbanismo | Setor Habitacional QNR 06 (CODHAB)
Local: Ceilândia, DF

Data do concurso: 2018

Área do terreno: 285.854,58 m²

Arquitetura: Maria Jocelei Steck

Equipe:Camilla do Rozario, Irianna Steck, Sabrina Sala 

 

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A CIDADE E A TRANSIÇÃO

 

O projeto vai alem Conexão, criação de lugar, identidade. A cidade se compõe de um conjunto de diversidades e complexidades. O projeto de arquitetura e urbanismo, para o setor habitacional QNR 06, na Região Administrativa da Ceilânidia - RA IX, se localiza em um local com um entorno diverso e complexo cerceado por uma área rural e APA e a rodovia BR70, uma área residencial de baixo gabarito de altura, uma área industrial e um terreno baldio. O terreno surge como um centro de encontro entre tais diversidades. A transição entra como elemento fundamental na conceituação deste projeto. A inserção e criação de espaços de transição foi o ponto focal para criar um ambiente no qual as pessoas possam ir e vir, estar. Tudo isso com respeito ao entorno, às pessoas, à escala humana, à cidade, à natureza, característica traduzida e explicada durante todo o percurso pelo desenho proposto. O principal cuidado foi para não tornar o projeto uma ilha em relação ao entorno, tanto nas dimensões dos edifícios - para não chocar nem em altura, nem em comprimento e que fossem sempre dentro da escala humana - assim como lugares de encontros em escalas aconchegantes e possíveis de serem caminhadas, onde o caminho se dá como experiência rica e surpreendente, sem monotonia e grandes espaços não utilizados. Uma cidade viva precisa de espaços de transição, aconchegantes, fluídos, na escala do humano, na pequena escala, ao nível dos olhos, boa para caminhar, boa para encontrar, boa para pedalar, para estar e encontrar pessoas.

 

As soluções de transição se deram pelos diversos entornos:

Do rural: propôs-se uma transição e conexão com espaço para agricultura urbana e agrofloresta, práticas já utilizadas na região, reforçando e incentivando a cultura local. Cria-se assim uma transição da rodovia para essa área, protegendo de velocidades mais altas. Valorizando o paisagismo, árvores frutíferas, hortas a biodiversidade.

Da área residencial existente: optou-se por dar continuidade às ruas locais, na qual foi realizada uma transição gradual visual. Foi proposta, ainda, uma transição gradativa do gabarito de alturas dos edifícios para respeitar a vizinhança, assim como o uso misto que possibilita a criação de pontos de comércio e serviços.

Da área industrial: criou-se uma área de pequenas indústrias de baixa incomodidade, além de comércio e serviços, foi projetado um campo de futebol para atrair os trabalhadores da indústria para uma possível pelada ao fim do dia de trabalho.

 

Finalmente, criou-se um mirante como referência, contrastando com a paisagem local plana e criando um marco para todo o entorno para demarcação, identidade, visibilidade e criação de lugar.

 

OS EQUIPAMENTOS

Os edifícios foram localizados e sugeridos para que dialogassem com a comunidade, de maneira fluída. Na proposta, a biblioteca e o auditório do CEF podem ser abertos ao público, junto a praça localizada na mesma quadra, com fachada ativa e possibilidade de abrir as quadras de esporte para a população. Para a delegacia a sugestão é de que seja construída em um edifício fluído para aproximá-la da população, assim como sugerido para os demais equipamentos que estão dispostos para garantir o atendimento a toda a população do bairro e adjacentes.

 

DO USO MISTO (residencial + oficinas/estúdios) em todas as unidades.

Adaptabilidade e flexibilidade são as demandas da vida contemporânea que embasam a elaboração deste projeto. Levando em consideração esses preceitos, todos os apartamentos foram projetados com um quarto reversível com acesso independente para uso com os mais variados ofícios – desde que permitidos pela legislação local vigente - com o fim de possibilitar a geração de renda para a população que residirá no bairro, sem a necessidade de gastos extras com locação de um espaço adequado para trabalhar. Qualquer profissional autônomo que necessite de uma sala para trabalhar ou receber clientes se inclui aqui, sejam eles confeiteiros, professores particulares ou contadores, etc. Além de ocupação profissional o quarto reversível pode ser também usado pelo filho recém-casado ou familiares idosos, que já não possam mais viver sozinhos e poderá servir de diferentes maneiras às mais diversas dinâmicas familiares. De maneira adaptável e flexível.

 

DAS UNIDADES

Todas as unidades propostas possuem, no mínimo, dupla orientação solar e ventilação cruzada gerando o maior conforto para a habitação e maior segurança e dinamismo às ruas e ao bairro como um todo – com a predominância de fachadas ativas. Existe também a possibilidade de adaptação das residências – respeitando-se os preceitos de ocupação máxima, permeabilidade e adensamento – , dentro de uma linguagem modular proposta, que orientará os residentes para que façam o melhor uso possível de suas moradias.